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Inflação controlada impulsiona real, mas indústria brasileira enfrenta ventos contrários globais

Brasília, 13/08/25 - Plano de contingência contra tarifaço. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; Ricardo Alban, presidente da CNI. (Foto: Iano Andrade / CNI)
Brasília, 13/08/25 - Plano de contingência contra tarifaço. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; Ricardo Alban, presidente da CNI. (Foto: Iano Andrade / CNI)

O IPCA de julho subiu 0,26%, abaixo do esperado, impulsionando o real para R$5,38 enquanto desacelerações nos EUA, Europa e China ameaçam a indústria brasileira, segundo análise da FIEG


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de apenas 0,26% em julho, abaixo das expectativas do mercado, aliviando pressões inflacionárias e impulsionando o real para sua mínima em 14 meses frente ao dólar. No entanto, enquanto o cenário doméstico sugere maior estabilidade econômica, o setor industrial brasileiro pode sofrer impactos negativos devido à desaceleração global, com recuos na produção nos Estados Unidos, na Zona do Euro e na China. Essa análise, baseada no relatório econômico da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) de 13 de agosto, ecoa nas principais coberturas jornalísticas do país, que destacam tanto o alívio imediato quanto os riscos à frente para a indústria.

O IPCA de julho, divulgado pelo IBGE, acelerou ligeiramente em relação aos 0,24% de junho, mas ficou aquém das projeções de 0,35% dos analistas. O grupo Habitação foi o principal vilão, com alta de 0,91% impulsionada pelo aumento de 3,04% na energia elétrica residencial. Em contrapartida, Alimentação e bebidas registrou deflação de 0,27%, o segundo mês consecutivo de queda, ajudando a conter o índice. No acumulado do ano, a inflação chega a 3,26%, e nos últimos 12 meses, a 5,23%, ainda acima da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Jornais como o Valor Econômico e a Folha de S.Paulo enfatizaram que esse resultado "benigno" melhora as projeções para o ano, com alguns economistas revisando a inflação de 2025 para abaixo de 5%, graças ao efeito favorável do dólar mais fraco sobre os preços importados.

O impacto imediato no câmbio foi notável: o dólar fechou em R$ 5,3853 na terça-feira (13), uma queda de 1,02% e o menor nível desde 14 de junho de 2024. Esse movimento reflete não só o alívio inflacionário brasileiro, mas também dados internacionais, como o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA, que subiu apenas 0,2% em julho, reforçando expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve já em setembro. O Globo e o Estadão destacaram essa valorização do real como um "alívio" para importadores, mas alertaram para os efeitos colaterais na competitividade das exportações industriais brasileiras, especialmente em setores como siderurgia e agronegócio.

No front industrial, a FIEG projeta desafios crescentes. A produção industrial americana deve recuar 0,2% em julho, alinhada à contração indicada pelo PMI de 49,8, influenciada pelo esgotamento de encomendas antecipadas antes de novas tarifas. Dados recentes confirmam uma queda de 0,1% na produção industrial dos EUA em julho, superando ligeiramente as expectativas negativas. Na Zona do Euro, o crescimento estagna em 0,1% no segundo trimestre, com a produção industrial alemã caindo 1,9% em junho, acentuando a fragilidade manufatureira e elevando chances de mais cortes de juros pelo Banco Central Europeu. A China, por sua vez, vê sua produção industrial desacelerar para 5,7% em julho, ante 6,8% em junho, com novos empréstimos caindo drasticamente para cerca de 300 bilhões de yuans, sinalizando fraqueza na demanda interna apesar de políticas acomodatícias.

Esses cenários globais repercutem diretamente na economia brasileira. A Agência Brasil e o Valor reportaram que a produção industrial nacional subiu tímidos 0,1% em junho, acumulando 1,2% no ano, mas faces ventos contrários como o "tarifaço" proposto por Donald Trump, que pode elevar custos e reduzir demandas por commodities brasileiras. Economistas consultados pela Folha apontam que, embora a inflação mais baixa abra espaço para possíveis cortes na Selic ainda em 2025, o real fortalecido e a estagnação internacional pressionam setores exportadores, potencialmente freando o crescimento industrial em até 0,5% no segundo semestre, segundo projeções do Ministério da Fazenda.

Especialistas ouvidos pelo Estadão reforçam a necessidade de cautela: "O IPCA abaixo do previsto é positivo, mas a indústria brasileira, já fragilizada, pode sofrer com a contração global", afirma o economista-chefe da FIEG. Enquanto o PIB brasileiro surpreendeu com alta de 1,4% no segundo trimestre, puxado por serviços e indústria, o risco de recessão técnica em parceiros comerciais como EUA e Europa ameaça essa recuperação.

O alívio inflacionário e a valorização do real trazem otimismo de curto prazo, mas o setor industrial demanda atenção. Como destacado em análises do Poder360 e da CBIC, a inflação acima da meta contínua exige políticas fiscais mais rigorosas para mitigar impactos, especialmente em um contexto de tarifas internacionais e desaceleração global. O futuro econômico do Brasil, portanto, depende de equilibrar esses fatores para sustentar o crescimento industrial em meio a incertezas externas.

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